Melhore sua nota de crédito e obtenha empréstimos em condições mais favoráveis.
Os empréstimos com garantia estão entre as modalidades de crédito mais seguras do mercado. Como resultado, seu uso tem crescido no Brasil, sobretudo para obtenção de crédito no mercado imobiliário.
Quanto maior a garantia oferecida pelo tomador, melhores são as condições que ele pode obter no financiamento. Por isso, muitos escolhem dar uma garantia maior do que o valor que desejam tomar de empréstimo.
Este modelo chama-se sobrecolateralização ou colateralização excessiva, e permite alavancar o limite de crédito da pessoa. Ao mesmo tempo, é preciso tomar cuidado para o que seria uma vantagem não se transformar em dor de cabeça. Por isso, confira o que é sobrecolateralização e qual a sua utilidade.
O seguro morreu de velho
Em termos gerais, a sobrecolateralização é um tipo de garantia no qual uma empresa ou pessoa física oferece colaterais maiores do que o necessário para conseguir um empréstimo.
Por exemplo: uma pessoa deseja contrair um crédito de R$ 100 mil oferecendo seu imóvel como garantia. O bem, por sua vez, tem seu valor de mercado estimado em R$ 200 mil, ou seja, 100% a mais do que o valor do empréstimo.
Nesse sentido, a garantia é mais do que suficiente para garantir o pagamento do valor em caso de inadimplência. De fato, o dono do imóvel pode até obter um limite de crédito maior.
Caso não queira ampliar sua linha de crédito, ele pode optar por negociar juros menores. Visto que a garantia cobre o dobro do crédito solicitado e pode ser facilmente tomada em caso de descumprimento do acordo, o empréstimo é avaliado como muito seguro.
Além de pessoas, empresas também podem utilizar a sobrecolateralização a seu favor. Se uma fábrica deseja expandir suas operações, ela pode contrair um empréstimo oferecendo como garantia ativos do próprio negócio.
Embora o exemplo utilizado tenha uma sobrecolateralização de 100%, este não costuma ser o padrão. Normalmente, a regra do mercado é que a sobrecolateralização ocorre quando o valor da garantia ultrapassa 10% ou 20% do valor do empréstimo.
Quando e o que utilizar na sobrecolateralização
Existem diversos momentos nos quais a sobrecolateralização pode ser utilizada. Um deles é quando o tomador do crédito deseja melhorar seu histórico e passar confiança ao potencial credor.
Nesse sentido, a sobrecolateralização é utilizada para obter melhores condições, conforme visto anteriormente. Muitas empresas oferecem taxas de juros regressivas, que diminuem de acordo com o tamanho do colateral oferecido.
No mercado financeiro, emissores de títulos garantidos por ativos também utilizam a sobrecolateralização. Como possuem lastro em ativos reais, este colateral em excesso é utilizado para reduzir o risco para os investidores.
Um exemplo disso são os fundos de investimento imobiliário (FII), fundos que investem em ativos dessa classe.
O gestor do fundo pode utilizar a qualidade do seu portfólio de imóveis para captar mais recursos no mercado. Caso o fundo não consiga entregar retorno, os imóveis poderão ser vendidos e o dinheiro devolvido aos cotistas.
Em ambos os casos, a sobrecolateralização pode melhorar a classificação de crédito do tomador ou do emissor da dívida. Quanto melhor a qualidade — e maior a quantidade — da garantia oferecida, menos risco a operação terá.
Riscos
A sobrecolateralização tem por objetivo melhorar o histórico do tomador e fornecer mais garantias ao emprestador. No entanto, isso não significa que a modalidade seja livre de riscos.
O principal dos riscos diz respeito a quem avalia o valor dos ativos colateralizados. Caso haja distorções nesta avaliação, um empréstimo corre o risco de ser garantido por ativos cujo preço de avaliação não reflete seu real valor.
Isso aconteceu no mercado financeiro durante a crise de 2008, na qual o preço de muitos empréstimos foram garantidos em excesso. Contudo, quando a crise explodiu, o valor dos ativos que servia de colateral revelou-se muito menor do que o estimado pelas agência de risco.
Como resultado, muitos ativos tiveram sua classificação de crédito rebaixada, o que gerou problemas no sistema bancário.
Outro risco é a perda de liquidez dos ativos dados como garantia. Enquanto os ativos são usados para fazer um empréstimo, eles ficam sob controle do credor. Logo, o tomador não tem acesso livre a eles, tampouco pode utilizá-los como colaterais para outras dívidas.
Portanto, a sobrecolateralização é uma prática que requer atenção e extremo cuidado de ambas as partes. Se bem utilizada, ela permite segurança e abre as possibilidades para a realização de vários projetos e sonhos.